Dizer tchau não é simples, somos apegados a tudo e a todos, principalmente ao que nos traz felicidade. Aceitar o fim é tarefa árdua, exige reflexão e maturidade, pois na maioria das vezes somos tal como um bebê que lhe foi tirado a sua chupeta.
Muitas pessoas apresentam a dificuldade de vivenciar o momento presente simplesmente porque possuem a consciência do seu fim e, entre estas, muitas escolhem não ter a experiência para justamente evitar a dor do fim. Entretanto, você deixaria de comer sua sobremesa favorita porque ela terminará?
Em 2013, eu estava em uma cafeteria com os meus pais na praia da Pinheira em Palhoça (Santa Catarina) e, neste estabelecimento, as pessoas deixavam mensagens escritas na parede. No meio de todas aquelas frases, eu encontrei esta: a saudade é um lugar onde somente quem amou poderá visitar. Eu não sei quem é o autor, porém esta acompanha as minhas reflexões sobre despedidas desde aquela noite.
Os estudos sobre a finitude da vida levou-me há muitos anos descobrir a imagem da Espiral, a qual é um dos diversos símbolos que encontramos nas histórias dos antigos povos da Irlanda para representar o fluxo energético da vida, pois os Celtas compreendiam que todo o início estava conectado ao seu fim, como uma espiral que circunda o espaço. Transforme essa imagem da espiral em um convite para reflexão sobre a vida e seu fluxo e entre em contato com finais que tu vivenciaste; aquele fim não era necessário para que houvesse um novo começo? Lembre, para o universitário tornar-se um profissional, além de um diploma, é preciso dizer tchau.
Tudo que nos circunda, inclusive nossos corpos, são finitos, portanto, tudo que surge está determinado a ter um fim. A impermanência é a única verdade que possuímos e certamente a mais dolorida.
A certeza do fim nos traz a oportunidade de desfrutarmos a experiência com mais plenitude e atenção, marcando as nossas memórias com a felicidade e a saudade daqueles momentos que nos fizeram sorrir e sentir que vale a pena viver.
“Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar quando quero
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega é o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
É a vida desse meu lugar
É a vida”
Composição de Milton Nascimento e Fernando Brant.