As antigas festividades dos povos pagãos do Hemisfério Norte foram resgatadas no início do século XX pelo pesquisador e ocultista Gerald Gardner (Inglaterra – 1884/1964), o qual reconstruiu o que é conhecido atualmente como “A Roda do Ano”, um calendário solar que contém oito festividades que representam o Ciclo da Vida, Morte e Renascimento.
Neste calendário podemos observar o fluxo da vida, as mudanças das estações e as transformações que acontecem no meio natural durante o ano. Originalmente, o calendário possuía somente quatro celebrações, conhecidas como os Grandes Quatro Sabbats, estes possuem origem na antiga tradição dos povos da Irlanda, Escócia e da Ilha de Man. As demais festividades foram somente introduzidas em 1958 e chamadas de Sabbats Menores, as quais compreendem os Equinócios e os Solstícios e tendo origem nos antigos festivais dos povos germânicos. Importante lembrar que os antigos povos celtas residiram em diferentes territórios da Europa Ocidental e cada povoado possuía suas tradições, cultos e festivais.
Os quatro Sabbats principais ou grandes são: Imbolc, Beltane, Lughnassad e Samhain. Os quatro menores são: Ostara (Equinócio de Primavera), Litha (Solstício de Verão), Mabon (Equinócio de Outono) e Yule (Solstício de Inverno).
Para os povos antigos, o que acontece com a natureza, acontece conosco, porque estamos todos conectados, nós somos reflexos do mundo ao nosso redor e ao mesmo tempo, em que construímos o mundo externo, nós somos também construídos por ele.
“Essa consciência ampliada não é mais aquele novelo egoísta de desejos, temores, esperanças e ambições de caráter pessoas, que sempre de ser compensado ou corrigido por contra-tendências inconscientes; tornar-se-á uma função de relação com o mundo de objetos, colocando o indivíduo numa comunhão incondicional, obrigatória e indissolúvel com o mundo.” (Jung – O Eu e O Inconsciente).
O psiquiatra Carl Gustav Jung traz em sua obra um profundo respeito pela natureza e a importância da reconexão do ser humano com o meio ambiente para o desenvolvimento saudável do psiquismo, porque nós somente poderemos nos considerar saudáveis quando conquistarmos o equilíbrio entre a natureza coletiva e a natureza pessoal.
Celebrar a Roda do Ano, portanto, é entrar em harmonia com a natureza e com o nosso processo interno, reaprendendo respeitar o tempo de todos, compreendendo o nosso fluxo psíquico e promovendo através dessa reconexão um profundo sentimento de ética e integração com a vida.
Tudo que nos rodeia faz parte de nós e faz parte da nossa história.