O primeiro período de ensinamentos de Buda é chamado por “Primeiro Giro da Roda do Dharma”, foi nesta fase em que este mestre ensinou As Quatro Nobres Verdades aos seus discípulos, tornando-se o ponto central em que se baseiam todos os outros ensinamentos da religião budista. As Nobres Verdades explicam a existência do sofrimento, tendo como objetivo a compreensão do mecanismo e da natureza da insatisfação que nos leva a vivenciar o sofrimento, para então conduzir ao caminho da sua cessação.
A Primeira das Nobres Verdades afirma que todas as experiências são insatisfatórias, porque tudo tem um início e um fim, portanto uma boa experiência nunca dura para sempre e também há a possibilidade de experiências ruins surgirem.
A natureza da vida humana está alicerçada na impermanência, estamos condicionados a uma vida de experiências cíclicas, onde se alternam entre boas vivências (aquelas que nos trás felicidade) e más vivências (o que nos traz sofrimento).
O ponto crucial é compreender e aceitar que tempos difíceis existem, que momentos de insatisfação acontecerão e, assim, quebrar a ilusão de que possuímos controle sobre o que nos rodeia e o apego à permanência da duração das vivências, permitindo a fluidez do tempo e das experiências.
“A vida tem de ser conquistada sempre e de novo. A nova atitude adquirida no decurso da análise mais cedo ou mais tarde tende a se tornar inadequada, sob qualquer aspecto, que requer sempre e cada vez mais nova adaptação, pois nenhuma adaptação é definitiva. É sumamente improvável que haja uma terapia que elimine todas as dificuldades. O homem precisa de dificuldades; elas são necessárias à sua saúde. E somente a sua excessiva quantidade nos parece desnecessária.” (Jung – A Natureza da Psique).
Nesta passagem, o psiquiatra Carl Gustav Jung, nos traz a verdade da existência da impermanência e, mesmo aquilo que aprendemos no passado, um dia se tornará obsoleto, nos trazendo a necessidade de um novo conhecimento que surgirá através do surgimento de uma dificuldade.
Olhar para si e para seus processos internos e externos é dar a oportunidade da reinvenção, de redescobrir o mundo, os outros e a si mesmo. Reinventar é ter a chance de recriar o mundo a partir de um contato sincero e responsável, tendo como conseqüência o aprimoramento e o amadurecimento da consciência.